O conceito de Educação 5.0 apresenta respostas preliminares do diálogo do mundo educacional com as novas tecnologias que impactam a chamada Geração Digital (Geração Y – 1980/2000 e Geração Z – 1990/2010). Por ser algo muito novo ao setor acadêmico, ainda necessita de investimento e desenvolvimento, transitando entre os conhecimentos da neurociência, educação e tecnologia. Exige profissionais multidisciplinares e flexíveis, que percebam como essas novas gerações interagem, interpretam e transformam a grande oferta de informações em conhecimento. Nessa perspectiva novas tecnologias despontam como respostas iniciais de interação entre educação e tecnologia, buscando produzir participação efetiva dos alunos. Integração entre o offline e o online e principalmente aprendizagem personalizada aos desafios individuais do jovem estudante. Entre essas novas tecnologias temos o uso da BIG Data, com o processamento de grande volume de informações permitindo o gerenciamento de dados complexos e geração de relatórios precisos que permitem a tomada de decisão e o design personalizado das ferramentas educacionais a um público específico e suas dificuldades acadêmicas por exemplo. Outra ferramenta são as Plataformas de Machine Learning que a partir de diversos dados, processam essas informações trazendo respostas que auxiliem o estudante através de algoritmos específicos. Nesse contexto, os MOOCˋs (Massive Open Online Course) ou seja cursos abertos massivos com milhares de alunos matriculados, podem gerar apoio e resposta personalizada e individualizado ao estudante. Outro elemento que veem se apresentando como ferramenta importante na integração da neurociência e a educação é a Realidade Virtual. Através dos estudos de como o cérebro reage a estímulos diversos a VR pode criar ambientes virtuais propícios ao aprendizado provocando o envolvimento por completo do estudante no processo. Um exemplo dos primeiros passos rumo a Educação 5.0 de forma mais democrática é a ferramenta da Google Expeditions que permite a interação do estudante através da realidade virtual em visitas guiadas pelo professor a Museus e outros conteúdos virtuais. A experiência e impacto em sala de aula permitem o profundo envolvimento dos alunos e estímulos sensoriais diversos que facilitam o processo de ensino aprendizagem. Estamos ainda engatinhando no universo da Educação 5.0, mas esta já se mostra promissora nos ganhos pedagógicos.
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O impacto da tecnologia na sala de aula – Uma pequena reflexão.
No desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem entender como o cérebro funciona e desenvolve sua capacidade cognitiva torna-se um imperativo. Sabemos hoje através da neurociência que o cérebro humano em sua complexidade pode ser mais bem entendido em diferentes níveis. Sendo eles molecular, celular, sistêmico, comportamental e cognitivo. Este último nos traz informações sobre as capacidades mentais da linguagem, memória, autoconsciência, percepção, atenção e aprendizagem, globalizando esses elementos como a inteligência do indivíduo.
Através de estímulos podemos então desenvolver essas capacidades cognitivas e nesse sentido a tecnologia torna-se importante aliada das teorias de aprendizagem proporcionando novas formas de interação e evolução das capacidades mentais. Mas quais seriam as melhores formas de utilização da tecnologia na prática educacional?
A ciência cognitiva traz importantes contribuições nesse sentido. Um exemplo é a possibilidade de utilização de algoritmos que ao mapear o desempenho do aluno exposto ao conteúdo conseguem personalizar a forma como tal é apresentado posteriormente, criando dessa forma um e-learning adaptável a individualidade do aprendizado.
Além disso, os conteúdos apresentados pelos designers de aprendizagem podem contribuir para o foco do aluno através de atividades interativas e desafios propostos. Nesse sentido, a utilização de jogos/games abre um leque de possibilidades de interação e estímulo tecnológico no desenvolvimento das capacidades cognitivas do aluno. Tais ações desenvolvidas a luz do conhecimento da neurociência cognitiva aliada ao esforço pedagógico prometem e apresentam resultados significativos na efetividade do processo de ensino aprendizagem.
Expor o aluno a todos esses estímulos diversificados permite uma neuroplasticidade e o aumento da capacidade cognitiva e seus elementos constitutivos. Um bom exemplo disso é a gameficação dos conteúdos educacionais, que traz consigo a possiblidade de uma aprendizagem autônoma com a resolução de problemas e autoconfiança no aprender.
Porém é importante ressaltar que a exposição deliberada a tecnologia pode gerar impactos negativos quando só utilizada de forma passiva e sem fins pedagógicos. Sendo agravada quando este aluno é exposto de forma excessiva e no momento errado, gerando dessa forma prejuízos no seu desenvolvimento cognitivo. Encontramos hoje nas salas de aula muitos discentes que apresentam distração excessiva, dificuldade de foco e atenção e a capacidade de concentração e raciocínio comprometidas. Tais elementos se evidenciam quando a tecnologia é utilizada apenas para o consumo de conteúdo sem critérios e ou reflexões conscientes. Sem o devido acompanhamento. Demonstrando dessa forma que mesmo com os avanços tecnológicos, o papel do educador como mediador e líder desse processo é crucial para o desenvolvimento das capacidades mentais do aluno.
Blended Learning – Uma possibilidade ou uma realidade?
Embora possa ser redundante elencar a necessidade de observância sobre o contexto social do aluno, instituição de ensino entre outros fatores, aqui nesta indagação novamente tal preocupação se torna imprescindível. Como pensarmos em unir o melhor do ensino presencial e on-line sem a oferta de recursos tecnológicos para tal? Como pensar em processos pedagógicos que contemplem o blended learning sem a capacitação técnica prática e teórica dos docentes para tal perspectiva de ensino?
Ultrapassado essa preocupação, que muitas vezes infelizmente é utilizada como argumento de docentes mais tradicionalistas e conservadores em seus métodos de ensino, cabe refletirmos sobre essas práticas na atualidade e os fatos históricos contemporâneos, veem nos auxiliar nessas respostas.
A utilização de recursos diversos objetivando propiciar a eficiência do processo de ensino aprendizagem durante a pandemia foi de visível esforço por toda a comunidade educacional.
No momento atual, em que estamos aparentemente nos despedindo das medidas de enfrentamento da pandemia, será possível também se despedir do hnow-how obtido no momento anterior? Conseguiremos retornar a uma aula tradicional de transferência de conteúdos através de uma lousa, longas explanações orais e avaliações dissertativas ou optativas sobre o conteúdo copiado no caderno? Iremos ignorar os diferentes recursos utilizados num momento anterior?
Acredito que em maior ou menor grau todos fomos impactados pela utilização de diferentes recursos tecnológicos no processo de ensino aprendizagem e tais aplicações serão vistas nos próximos anos ganhando espaço nas salas de aula. Tal visão deslumbrada requer uma preocupação sobre as reflexões e conhecimentos necessários para amadurecimento desses usos.
Em minhas atividades como docente, percebo que as plataformas digitais utilizadas no momento do “remoto” ainda estão ativas e há certo incentivo para a alimentação deles por parte das instituições de ensino. Alunos estão sendo atendidos em situações excepcionais por tais recursos. E vários professores que até ontem se negavam a interagir com os recursos tecnológicos hoje os utilizam com menor resistência.
Eu particularmente vejo no blended learning a possibilidade de aprofundamento do conhecimento, e terreno fértil para as reflexões tão necessárias as disciplinas das ciências humanas. No flipped classroom, a possibilidade da construção e aprofundamento dos conceitos que poderão ser debatidos com mais profundidade em sala de aula. E utilizo o adaptive learning para atender alunos com maiores dificuldades.
De qualquer forma fica evidente conforme comentado, que este é o momento propício para o aprofundamento sobre esses conceitos de ensino aprofundando as reflexões e desenvolvendo novas ferramentas para tal processo.
Educação pós pandemia – Blended Learning – Um caminho
Os dois últimos anos foram desafiantes para toda a sociedade e em especial para os profissionais da educação que tiveram que se adaptar ao ensino de forma remota. A pandemia Covid-19, restringiu o contato de pessoas e criou a necessidade do distanciamento social. Segundo a UNICEF (2021) cerca de um ano após o início da pandemia, quase metade dos estudantes do mundo estavam sendo afetados pelo fechamento parcial ou total das escolas, e mais de 100 milhões de crianças haviam caído abaixo do nível de proficiência em leitura como resultado dessa crise de saúde. Em pouco tempo as instituições de ensino migraram suas interações e processos de ensino-aprendizagem para plataformas on-line. Algumas plataformas eram desenvolvidas e desenhadas para tal função e outras nem tanto. Houve instituições que inclusive criaram soluções para o ensino síncrono ou assíncrono, estes, termos pouco utilizados até então. Tais esforços permitiram que o prejuízo acadêmico fosse bastante reduzido, sem, contudo, alcançar a totalidade do público discente. Inúmeras variáveis relacionadas a questões econômicas, sociais e até mesmo geográficas foram responsáveis pelo déficit de aprendizagem de uma grande parcela de crianças e adolescentes.
O mundo educacional após o avanço da vacinação e redução dos números de mortalidade por Covid-19, entra em uma nova etapa marcada pela necessidade de recuperação das lacunas de aprendizagem, mas também na utilização do “Know-how” adquirido na utilização de novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem.
Nesse sentido, a utilização do aprendizado híbrido – “Blended Learning” pode e deve ser visto como uma grande oportunidade de implementação contínua da Tecnologia na Educação, bem como importante ferramenta de combate a defasagem de aprendizagem decorrida perante a pandemia.
As aulas podem ocorrer de maneira presencial e virtual ampliando as possibilidades de estratégias de ensino, interação e interlocução entre aluno e professor. Perante o avanço da tecnologia e sua oferta, maior número de alunos podem ser impactados pelo ensino híbrido. Existe grande diversidade de métodos e estratégias que permitem o ensino ativo partindo do protagonismo do aluno na construção do conhecimento através das diversas ferramentas virtuais existentes. A possibilidade do desenvolvimento de habilidades de aprendizagem que dialogam com as necessidades do século XXI tais como: pensamento crítico, criatividade, colaboração, comunicação. Contato dos alunos com a interação participativa e ativa que os prepara para um mundo do trabalho conectado e integrado.
Percebe-se que professores e alunos também demonstram interesse pela oferta de recursos tecnológicos e práticas ativas de ensino aprendizagem de forma híbrida no cotidiano da sala de aula. (Cordeiro, 2020)
Contudo, existem ainda desafios a plena aplicação do ensino híbrido no Brasil. Primeiro, seu grande território traz também grande heterogeneidade de acesso a recursos materiais, tecnológicos e de formação docente.
Constatado tal cenário, fica claro a necessidade de um plano estratégico em âmbito federal, estadual e municipal que possibilite a democratização do acesso as tecnologias no ambiente escolar, estruturando dessa forma um projeto que possibilite o ensino híbrido de forma organizada e sólida. Só assim poderemos capitalizar e solidificar as experiências educacionais propiciadas pelo ensino remoto durante a pandemia, criando assim ferramentas e estratégias para a extinção de lacunas acadêmicas. É necessário correr atrás do prejuízo.
Bibliografia
Educação: da interrupção à recuperação. UNICEF. Disponível em <https://pt.unesco.org/covid19/educationresponse>. Acesso em: 22/01/2022
Cordero, Karolina. O IMPACTO DA PANDEMIA NA EDUCAÇÃO: A UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA DE ENSINO.UFAM. Amazonas, 2022.
BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (Org.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.